Provavelmente você deve ter assistido a algum programa de TV onde apareceram pessoas sob o controle de um hipnotizador. Você já viu isso? As pessoas imitam galinhas, comem cebolas pensando que é maçã, são espetadas por agulhas enormes e não sentem dor, etc..
Tais espetáculos de televisão são realmente impressionantes e têm atraído cada vez mais público. No entanto, eles também são responsáveis pela impressão equivocada que pessoas fazem da hipnose. De fato, muitos até a associam a algum tipo de magia e encantamento.
Você então deve estar bastante curioso para saber o que de fato é a hipnose? Trata-se de controle da mente? Tem a ver com espiritismo ou forças sobrenaturais? Então continue lendo este artigo. Você poderá se surpreender com as respostas.
Histórico
Para entender o que é hipnose, vamos primeiro fazer um pequeno histórico de quando as pessoas começaram a perceber a existência dela. Depois vamos revelar a você o que realmente ela é.
O fenômeno hoje chamado de hipnose sempre acompanhou a humanidade e foi cercado por uma áurea de mistério, assombro e ceticismo. Existem relatos da observação dela no Egito, na Pérsia, na Grécia e em outros lugares do passado há mais de 3 mil anos. Naqueles tempos remotos, não se conhecia a palavra Hipnose (grego hipnos = sono + latim osis = ação ou processo). Essa palavra foi inventada pelo médico e pesquisador britânico James Braid (1795-1860), por achar que o fenômeno estava associado a um sono induzido.
Porém, antes de James Braid, outro médico, um austríaco chamado Franz Anton Mesmer (1734–1815), realizou estranhos experimentos com seus pacientes. Em sua concepção, achava que o fenômeno provinha de alguma força interna do homem, chamada por ele de magnetismo animal.
Mesmer, magnetizava água, pratos, cama, etc., cujo contato submetia os enfermos. Segundo seu relato, conseguia obter resultados bastante expressivos, como até mesmo a cura de indivíduos de suas enfermidades. Mas, aos poucos, ele descobriu que mesmo que não usasse magnetismo o resultado era o mesmo. Se ele agitasse uma vara sobre a pessoa, enquanto se movia em volta dela com suas vestes coloridas, era capaz de leva-la a dormir, dançar, ter convulsões, etc.. Na verdade, Mesmer fazia basicamente o mesmo que os hipnotizadores de palco dos dias de hoje fazem na TV!
Empolgado com seus resultados, Mesmer instalou na França o Instituto Magnético, onde os seus pacientes se sentavam com os pés numa fonte de água, segurando cabos presos a árvores magnetizadas.
Mesmer e o Magnetismo Animal
Por causa dessas extravagâncias, em 1784, o governo francês nomeou uma comissão de médicos e cientistas para investigar suas atividades. Por fim, essa comissão o declarou como charlatão. O Mesmerismo, como ficou conhecido o tal magnetismo animal, foi relegado ao campo da superstição.
Será espiritismo?
Algumas pessoas continuaram a se interessar pelo Mesmerismo. De fato, ele foi um dos principais motivadores que levaram Alan Kardec a fundar sua doutrina espírita. “O magnetismo animal”, escreve Kardec em 1858, “preparou o caminho do Espiritismo”. ( MOREIL, André. Vida e obra de Allan Kardec. São Paulo, EDICEL, 1986.)
Então, quer dizer que a Hipnose está ligada ao espiritismo? A resposta é NÃO!
Embora Alan Kardec tenha sido influenciado pelo Mesmerismo, ou Magnetismo Animal, é importante salientar que isso por si só não quer dizer que o fenômeno da hipnose tem relação com espiritismo e até com o Mesmerismo. Mesmer ao desenvolver seu Magnetismo Animal, na verdade nem tinha conhecimento de como aquilo funcionava. Ele apropriou-se de um fenômeno natural humano e, por ignorância, ou mesmo charlatanismo, lhe conferiu uma áurea de mistério e ocultismo. Adicionando ingredientes como magnetização da água, roupas estranhas e coisas assim.
Assim como acontece com qualquer fenômeno desconhecido, sempre existem aqueles que os associam ao sobrenatural, enquanto outros procuram buscar uma resposta racional. Desta forma, ao passo que Kardec utilizou o Mesmerismo e os atribuiu a influências sobrenaturais, pesquisadores ao longo dos séculos estudaram a hipnose em si e começaram a perceber que o fenômeno tinha de fato a ver com a capacidade humana inata de concentração e indução e não com o sobrenatural.
Um desses pesquisadores foi o já citado James Braid, que cunhou o termo Hipnose e iniciou uma pesquisa cientifica sobre o tema. Inicialmente ele achava se tratar de estado de sono. Com passar do tempo, porém, ficou cada vez mais evidente que a hipnose não era apenas isso. Porém o termo Hipnose já havia se tornado consagrado.
Outros pesquisadores se seguiram a Braid, como James Esdaile (1808-1868), Ivan Pavlov (1849-1936), Jean Charcot (1825-1893) e até mesmo Sigmund Freud (1856-1939). Desde as pesquisas desses cientistas até os dias de hoje muito se evoluiu na compreensão da mente humana. Sabe-se hoje que a hipnose tem mais a ver com um estado de concentração do que com sono.
Mas, o que então é a hipnose?
Para ajudar a você a entender melhor o que é hipnose, imagine o seguinte cenário: Você decide sair de seu trabalho, pegar seu carro e ir para casa. Começa a dirigir e seus pensamentos começam a vir de forma espontânea. Problemas no trabalho, compras que terá que fazer, etc. e quando se dá conta… Está em casa!
“Hipnose, segundo a atual definição pela Associação Americana de Psicologia, é um estado de consciência que envolve atenção focada e consciência periférica reduzida, caracterizado por uma maior capacidade de resposta à sugestão. “ – Wikipédia
O mais engraçado é que nem se lembra do caminho. Não lembra que marchas passou. Já aconteceu isso com você? Outra coisa que pode acontecer é o seguinte: Você senta diante do computador para fazer uma pesquisa rápida. Você fica absorvido com as informações e quando se dá conta, duas horas se passaram…Já lhe ocorreu isso também?
Isso se chama transe. Ou seja, todos os seres humanos entram em transe todos os momentos. Faz parte da vida. Esse processo é natural e é o que se pode chamar de hipnose. O transe acontece quando voltamos a nossa atenção para dentro de nós mesmos. Há pelo menos três níveis de transe: leve, médio e profundo.
Podemos dividir nosso cérebro, de forma simples, em dois: o consciente e o inconsciente. Basicamente o consciente é aquele que permite a você ter noção das coisas acontecendo, ao passo que o inconsciente é o que você não percebe no nível consciente, mas que teu cérebro capta. Em todos esses níveis de transe o nosso inconsciente sempre está ativo. Enquanto você está concentrado em alguma coisa que considera mais importante, seu inconsciente está cuidando de outros aspectos. Quem estava passando a marcha enquanto você estava em devaneios e nem percebeu que já chegara em casa? De fato, várias ações que fazemos no dia-a-dia e que realizamos de forma automática, tem a supervisão do inconsciente.
Em conclusão, vimos que hipnose é algo natural ao seres humanos. Trata-se da capacidade de concentração acentuada de um indivíduo. Por isso, não há razão para ter medo da hipnose auxiliada por um terapeuta. Também não há razão para achar que se trata de espiritismo ou algo sobrenatural.
Nos próximos artigos você saberá por que terapias com base na hipnose podem te ajudar a resolver certos problemas que incomodam a vida. Até lá!
