Você leu no artigo anterior que a hipnose é algo que acontece a todo momento com os seres humanos. Viu que se trata de uma espécie de transe que tem pelo menos três níveis: o leve, médio e profundo. Foi explicado que nosso cérebro possui algo que se convencionou chamar de Inconsciente, que controla muitas das atividades que nosso corpo faz e nem percebemos.
Hoje vamos falar um pouco mais sobre o Inconsciente e entender como ele influencia a sua vida em todos os aspectos.
“O inconsciente define um complexo psíquico (conjunto de fatos e processos psíquicos) de natureza praticamente insondável, misteriosa, obscura, de onde brotariam as paixões, o medo, a criatividade e a própria vida”. Wikipedia.
As pessoas sempre buscaram entender a capacidade humana de pensar, de se emocionar, de realizar coisas. O problema é que nos tempos antigos não se conhecia muito bem o funcionamento do cérebro. Na verdade, muitos atribuíam ao coração as atitudes humanas como a emoção. Mas, apesar da ciência hoje atestar que o coração é um órgão que tem também influencia nas emoções, sabe-se que é o cérebro o mestre que guarda os segredos mais profundos das atitudes humanas.
Mas, já no passado, filósofos gregos começaram a conjecturar sobre algo dentro de nós que nos faz agir de certa forma. Platão (437-327 A.C) foi um desses filósofos. Ele definiu o mundo como tendo uma parte inconsciente (inteligível) e uma parte consciente (perceptível). O interessante dessa visão é que Platão acreditava que perceber as coisas dependia da capacidade da mente humana. Sendo assim, existiam diversas posições sobre a realidade e a existência, desde as absurdas ou imaginárias, até as mais céticas ou radicais. Em outras palavras, dependendo de cada indivíduo, a visão do mundo se modifica.
Diversos outros filósofos e pesquisadores ao longo do tempo se debruçaram sobre o consciente e o inconsciente do mundo, buscando aprofundamento e entendimento sobre como as pessoas podiam ter visões tão diferentes sobre a mesma coisa e de como isso pode influir em seu comportamento. Será que isso tinha também ligação com o nosso cérebro?
Podemos destacar os trabalhos de dois incríveis pesquisadores: Sigmund Schlomo Freud (1856-1939) e Carl Gustav Jung (1865-1961). Freud iniciou seus estudos utilizando a hipnose para ajudar pacientes com a chamada histeria, peculiar em mulheres. Esta doença recebeu esse nome porque se achava que o problema provinha do útero (hystera em grego).
Freud havia observado como pacientes tratadas pelo médico e cientista francês Jean-Martin Charcot (1825 – 1893) haviam sido curadas com a aplicação de técnicas de hipnose. O próprio Freud havia curado mulheres utilizando as mesmas técnicas.
Como vimos no artigo anterior, alguns médicos cientistas começaram a pesquisar o fenômeno da hipnose induzida e suas aplicações na medicina. Charcot foi um desses cientistas que obteve muito êxito em curar determinadas enfermidades, apenas por induzi seus pacientes ao transe hipnótico.
Com base nisso, Freud chegou à conclusão que aqueles tipos de enfermidades curadas pela hipnose só poderiam ser de origem psicológica e não orgânica. Essa visão possibilitou a Freud desenvolver sua teoria sobre o Inconsciente, a ideia da existência de um Pré-Consciente, uma camada entre o Consciente e o Inconsciente (Algumas pessoas conhecem popularmente o pré-consciente como subconsciente, mas esta não é a terminologia correta). Ele utilizava a analogia de um Iceberg para explicar essa visão.
Freud foi um grande cientista cujo legado ajudou a milhares de pessoas a serem curadas de suas doenças psíquicas. Freud foi um verdadeiro pioneiro e inovador, criador da Psicanalise, utilizada até hoje por profissionais de todo o mundo para livrar pessoas de seus problemas de origem psíquica.
Jung foi outro grande pesquisador que contribuiu para o entendimento do Inconsciente. Ele iniciou seus estudos enquanto era aluno de medicina e dedicou-se à especialidade de Psicanálise, uma disciplina ainda pouco conhecida na época.
Em 1890, Jung iniciou um estágio num hospital psiquiátrico em Zurique. Ele aplicava um tratamento mais humanitário a pacientes internados com uma doença chamada esquizofrenia. Jung discordava da forma como os pacientes eram tratados, com choques elétricos e outras ações que hoje chamaríamos de tortura.
Após alguns anos, tendo assumido o cargo de chefia em um hospital psiquiátrico de Burgholzli, Jung entrou em contato com as obras de Freud. Ao analisar seus escritos, Jung ficou impressionado e resolveu enviar para Freud uma carta. Os dois começaram a se corresponder e fizeram uma grande parceria que durou vários anos.
“Utilizando-se do conceito de “complexos” e do estudo dos sonhos e de desenhos, Jung passou a se dedicar profundamente aos meios pelos quais se expressa o inconsciente. Em sua teoria, enquanto o inconsciente pessoal consiste fundamentalmente de material reprimido e de complexos, o inconsciente coletivo é composto fundamentalmente de uma tendência para sensibilizar-se com certas imagens, ou melhor, símbolos que constelam sentimentos profundos de apelo universal, os arquétipos”- Wikipedia
Esse conceituado cientista, criou alguns dos melhores conceitos psicológicos conhecidos, incluindo o arquétipo, e acrescentou mais uma ideia relacionada ao Inconsciente: o Inconsciente Coletivo, ou seja, a ideia que a humanidade como um todo possui um Inconsciente compartilhado. Além disso ele desenvolveu a ideia de Complexo utilizado por Freud.
Então, o que vem a ser o Inconsciente? Esses dois cientistas foram fundamentais para o entendimento do que vem a ser. Os estudos deles revelaram, que cada ser humano possui uma área interna do cérebro que guarda muitas informações em todo decorrer da vida que acaba por influir no comportamento da pessoa. Ele pode inclusive ter uma grande influência na origem de certas doenças chamadas psicossomáticas, ou seja, doenças que se originam a partir de um somatório de problemas guardados internamente pelas pessoas.
No artigo seguinte detalharemos um pouco mais sobre o Inconsciente e doenças associadas as informações depositadas nele.
